sábado, 11 de outubro de 2025

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Nobel da Paz a Maria Corina: O Apito de Cachorro do Capitalismo
A atribuição do Prêmio Nobel da Paz a Maria Corina Machado não é, antes de tudo, um reconhecimento a feitos pacíficos.
É um gesto geopolítico de alta voltagem, um "apito de cachorro" audível para quem compreende as linguagens do poder global.
Longe de celebrar a paz, o prêmio a instrumentaliza, transformando-a em um arsenal de guerra híbrida contra Estados soberanos que desafiam a hegemonia ocidental.
A farsa reside no próprio contraste.
Enquanto a Venezuela, sob o mesmo modelo de sanções econômicas que Maria Corina defende publicamente, vê seu povo passar fome e falta de medicamentos, premeia-se uma figura política cujo projeto está alinhado com os arquitetos desse cerco asfixiante.
O Comitê do Nobel, com essa escolha, não honra a memória de Martin Luther King ou Nelson Mandela; alinha-se à seletividade do Tribunal Penal Internacional, que só morde os "descalços", como bem lembrou Eduardo Galeano.
É a paz dos vencedores, a paz do capital que dita quem deve ser canonizado e quem deve ser bombardeado.
Maria Corina não é uma ativista pelos direitos humanos em sentido universal. É uma peça no tabuleiro do Grande Jogo pela dominação dos recursos.
Sua luta não é pela paz na Venezuela, mas pela "paz" do capital: a pacificação de um território rico e estrategicamente vital, submetendo-o de volta à órbita de influência que o Chavismo rompeu.
Seu Nobel é o prêmio de consolação que o Ocidente concede a seus aliados nativos quando a vitória não vem pelas urnas ou por meios convencionais.
O "apito de cachorro" soa claro para seus destinatários: é uma mensagem de incentivo à oposição interna e um sinal para o mundo de que a campanha de desestabilização contra a Venezuela continua com o mais alto patrocínio.
É a cobertura "humanitária" para uma agenda de mudança de regime.
A linguagem da paz é usada para promover a guerra econômica e a ingerência, tal como fizeram no passado com figuras que, após receberem honrarias semelhantes, presidiram sobre nações arrasadas.
Este prêmio corrompe o significado da paz.
Ele a reduz a um instrumento de soft power, uma arma para legitimar a desestabilização de governos não alinhados.
Ao celebrar Maria Corina, o Comitê do Nobel não está promovendo a concórdia entre os venezuelanos; está tomando partido em um conflito político complexo, alimentando a divisão e legitimando uma oposição que não conseguiu, até agora, derrotar o seu adversário no campo democrático.
A verdadeira paz, aquela que brota da soberania, da autodeterminação e da justiça social, não será encontrada em estrelas douradas concedidas em Oslo. É e será construída pelo povo venezuelano, longe dos holofotes internacionais e dos apitos de cachorro do capital.
Este Nobel não é um farol de esperança; é o reflexo dourado de uma nova cortina de ferro, que separa os eleitos do capital daqueles condenados a resistir sob o peso dos seus bloqueios e do seu moralismo seletivo.
Autor: Camillo Júnior - Jurista, pesquisador em Direito Internacional Humanitário
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